quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Doris ou Dulce?

Dulce Veiga lembra Doris Monteiro? Talvez pela grafia, sempre estabeleci uma relação entre as duas cantoras: a Doris real e a Dulce da ficção de Caio Fernando Abreu, agora eternizada pelos traços de Maitê Proença. Delírio de um fã de samba-canção, pois a diferença entre elas é abissal. Dulce possui uma atmosfera noir, trágica, típica dos anos 50. Doris, embora surgida na mesma época, jamais se prendeu a gêneros como a fossa e a dor-de-cotovelo então disseminados por Maysa e Nora Ney. Dona de uma bossa incrível, esta respeitável senhora de 75 anos também deu a cara do sambalanço, do samba-rock e da pilantragem que agitou a cena musical carioca do final do anos 60 e início dos 70. Pena que hoje viva praticamente reclusa em Ipanema, apenas fazendo um ou outro show esporádico. Lembro que toda sua discografia registrada entre 1961 e 1978 ganhou um relançamento magistral, coordenado pelo titã Charles Gavin, em 2004.
Hoje, tudo já está fora de catálogo, mas é possível baixar discos do calibre de Dóris (1971) e Agora (1976) em blogs como o www.loronix.blogspot.com e o www.sacundinbenblog.blogspot.com, do meu amigo virtual Marcel Cruz. Daí entendemos por que Roberta Sá, uma das revelações da nova safra de cantoras, pinçou do repertório de Doris Alô Fevereiro. E Paula Lima atacou de É Isso Aí, ambas de Sidney Miller. A letra dessa última, aliás, diz tudo: "mas se ela não sambar, isso é problema dela."

Nenhum comentário: